LOSADA, Terezinha. “A Interpretação da Imagem: subsídios para o ensino de arte”. FAPERJ / Mauad, Rio de Janeiro, 2011.
Edição especial pelo edital do Programa Leituras na Escola 2012, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Fundação para o Desenvolvimento de Educação.
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O tema deste livro é a interpretação da imagem e seu objetivo desenvolver esta habilidade por meio da descrição de dois conjuntos de oficinas didáticas: Olhar Sincrônico e Olhar Diacrônico.  Em ambos os casos, ao invés de oferecer interpretações prontas, são apresentados apenas alguns conceitos-chave desenvolvidos por destacados autores, estimulando o leitor/estudante a pensar junto com os teóricos para realizar suas próprias interpretações sobre a arte e demais signos da cultura visual.

O Olhar Sincrônico é baseado em conceitos oriundos das teorias da linguagem enfatizando o eixo da recepção, isto é, as interpretações que realizamos a partir de nossas próprias referências culturais. 

Oficina 1 – Jakobson: Os tipos de mensagens – Baseado nos estudos de Samira Chalhub, visa aplicar os elementos do processo comunicativo (emissor, receptor, referente, código e canal) como fatores que nos informam sobre o teor poético das mensagens artísticas e  de outros produtos culturais. 

Oficina 2 – Peirce: Os tipos de signos –  Baseado nos estudos de Lucia Santaella, visa aplicar a tipologia dos signos de Peirce (ícone, índice e símbolo), matizando diferentes sentidos que podem ser deduzidos da estrutura formal da imagem em geral.

O Olhar Diacrônico prioriza o eixo da emissão, apresentando algumas características do desenvolvendo histórico da arte ocidental hegemônica, também baseado nos conceitos de diferentes autores, com os seguintes objetivos:

Oficina  3 – Bazin: A história da história da arte – Discutir o campo da história da arte e seus diferentes métodos de pesquisa.

Oficina  4 – Gombrich: Antigo Egito e Grécia – Problematizar  a questão da diversidade cultural e pontuar algumas características da arte grega ainda hoje presentes ou em discussão na arte e na cultura ocidentais, tais como: caráter ficcional, arte autônoma, valorização da autoria.

Oficina 5 – Wölfflin: Renascimento e Barroco – Apresentar os padrões de composição (linear e pictórico) desses dois  grandes estilos do início da era moderna que se tornaram recorrentes ao longo da tradição artística ocidental, influenciando muitos outros campos da cultura visual.

Oficina 6 – Hauser: a arte e seu contexto – Identificar as principais fontes e fatores que informam sobre o contexto social da arte. 

Oficina 7 – Fayga Ostrower: correntes estilísticas básicas – Ampliar as discussões anteriores, apresentando um espectro mais abrangente de modelos de representação: naturalismo, expressionismo e idealismo, derivando deste último o serialismo.

Oficina 8 – Hannah Arendt: o público e o privado – Relacionar os conceitos desta filósofa a três espíritos artísticos: o criativo (trabalho), o heróico (ação) e o hedonista (labor) para discutir a relação entre arte e política na produção artística do século XX aos nossos dias, divisando os conceitos de modernismo, vanguardas e pós-modernismo.

Prefácio por Profª Drª Ana Mae Barbosa

 “Querida Terezinha

Agradeço muitíssimo o convite para prefaciar seu segundo livro. Desejo para este mais sucesso ainda que o primeiro que foi publicado num momento em que os arte/educadores resistiam à teoria e eram os adoradores da prática. Lembra-se do frenesi por oficinas nos Congressos de Arte Educação? Cheguei a lamentar amargamente termos iniciado os Arte/Educadores na prática das oficinas no Festival de Inverno de Campos do Jordão de 1983. No começo resistiram à nomenclatura, pois perguntavam como até o Secretário de Cultura de São Paulo, Jorge da Cunha Lima, perguntou também: Este negócio de oficina é para carros, que tem a ver com Arte? Não foi difícil convencer que queríamos combater a sentimentalização da Arte e mostrar que Arte é trabalho e trabalho árduo para o qual concorrem o corpo, a mente, a criatividade e a inteligibilidade. 

Os tempos mudaram, o pós-modernismo representado de início pela Abordagem Triangular, que você tão bem estuda neste livro, trouxe à tona a leitura da obra, ou do campo de sentido da Arte, como fator importante da aprendizagem da Arte que até então se restringia ao fazer. Fazer, ler e contextualizar passaram a atuar de mãos dadas e a necessidade de ferramentas teóricas para a leitura da obra de Arte e da imagem em geral se mostrou necessária. 

Sempre condenei e combati a prepotência do professor universitário em determinar um único caminho ou sistema de leitura da obra de arte para seus alunos seguirem, ou imporem este ou aquele sistema a professores secundários através de cartilhas que acompanham pacotes de reproduções de obras de Arte para serem usadas na escola fundamental e média.

Eu lançava mão da Estética Empírica para trabalhar com meus alunos por ser um sistema aberto a pessoalidade e a subjetividade, mas apontava outros métodos e meios como a Semiótica, a Gestalt, assim como autores que poderiam oferecer diferentes caminhos. Sentia falta, entretanto, de um livro que mostrasse um leque de tendências decifradoras da Arte, da Cultura Material ou da Imagem em geral. Seu livro é exatamente o que precisávamos para garantir a pluralidade de abordagens de leitura da imagem na preparação de professores de Arte e a seletividade consciente dos alunos por caminhos metodológicos. 

Seu livro será essencial às Licenciaturas e mesmo aos bacharelados em Artes Visuais, pois já não se admite o olhar inocente do artista.

Tenho muito orgulho de ter convivido com você que é um exemplo magnífico de professora, pois se pauta pela honestidade, inteligência e clareza na complexidade das análises.

Sucesso!”